Aconteceu na manhã da sexta-feira 06 de maio, o seminário "Copa 2014 no Estado de São Paulo: Investimentos, Legados, Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico". Coordenada pelo deputado Simão Pedro, a Comissão Parlamentar de Representação da Assembleia Legislativa promoveu o encontro para socializar informações sobre os vários aspectos de questões como investimentos e prazos, e também para verificar como o Poder Legislativo pode contribuir. O encontro reuniu autoridades, políticos e representantes da sociedade para debater este que é um dos assuntos que mais tem mobilizado os paulistas.
"O Corinthians sempre defendeu Itaquera como o local mais adequado para construir o estádio do clube, independentemente da Copa do Mundo. Mas temos certeza de que ele será o estádio da Copa em São Paulo", disse o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Ele convocou a comunidade da região a se organizar para que seja ouvida e influencie nas decisões decorrentes da implantação do estádio. "Todo benefício tem um preço", ele alertou.
Copa: um catalisador
O ministro do Esporte, Orlando Silva, procurou tranquilizar a população quanto à intervenção em áreas atualmente ocupadas. "Não haverá arbitrariedade nem remoção sem reconhecer o direito dessas pessoas à moradia digna. O processo tem que servir para aumentar as conquistas da população, e um programa de oferta de moradias é compromisso do governo federal", disse o ministro.
Para Orlando, a Copa do Mundo é uma oportunidade de mostrar a capacidade de realização do país e, ao mesmo tempo, um catalisador para uma série de iniciativas que o Brasil teria que tomar mais cedo ou mais tarde.
O sistema aeroportuário, por exemplo, que já enfrenta crescente demanda com o aumento de população que tem acesso às viagens aéreas, deve apresentar ganhos que vão além do evento, com medidas como a concessão de operações à iniciativa privada. "Os estudos do governo federal nesse sentido buscam atrair o setor privado. É possível que a implantação do terceiro terminal no aeroporto de Cumbica e a ampliação de Viracopos já ocorram sob esse modelo", disse o ministro.
Aos investimentos de 6 bilhões de reais que o governo espera fazer em 16 aeroportos por conta do Mundial de Futebol, segundo Orlando Silva, devem se somar as verbas destinadas a portos, em sete cidades. Santos, por exemplo, receberá 120 milhões e até o final de 2013 deve contar com um novo terminal portuário de passageiros.
Ele também revelou preocupação com a mobilidade urbana, que considera um dos legados mais importantes no pós-Copa. "A presidenta Dilma Rousseff pretende realizar uma reunião com prefeitos e governadores de cidades e Estados da Copa, para discutir a mobilidade urbana. É fundamental que as obras nessa área tenham início em 20113, afirmou.
Dentre os setores que também vão ser afetados beneficamente pelo Mundial, Orlando citou o turismo e o mercado de trabalho. O ministro contou que existe um plano para treinamento de 360 mil profissionais na área de hospitalidade e que, perto do final da Copa, estarão sendo gerados cerca de 700 mil empregos no país.
A construção do estádio do Corinthians, além de induzir o desenvolvimento da zona leste paulistana, vai antecipar a implantação do Polo Institucional de Itaquera, avaliou o secretário especial do município de Articulação para a Copa do Mundo, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves. O estádio passa a fazer parte de um conjunto que, segundo ele, já previa a instalação de um fórum, unidades de escola técnica e de faculdade de tecnologia da rede estadual, um quartel da Polícia Militar e um centro de convenções, entre outros equipamentos.
"A prefeitura está convencida da importância de construir o estádio. Por isso, está preparando um projeto de lei de incentivo para a captação de 270 milhões de reais", disse Alves. Segundo ele, o aumento da capacidade originalmente prevista para o estádio (de 48 mil para 68 mil pessoas) e o atendimento às exigências da Fifa elevam o custo da obra de 400 milhões para 670 milhões de reais.
"Além do primeiro objetivo, que é realizar a abertura da Copa do Mundo, a prefeitura pretende ainda ter em São Paulo o Centro de Mídia Internacional, no Parque Anhembi, e sediar o Congresso da Fifa, em um complexo a ser construído em Pirituba", adiantou o secretário.
Os dois principais obstáculos para a construção do novo estádio estão em vias de solução. Um termo de ajuste de conduta proposto pelo Ministério Público foi assinado nesta semana e o laudo sobre impacto de vizinhança deve ser aprovado pela Secretaria municipal do Verde, na próxima semana. Com isso, disse Alves, as obras do estádio devem ser iniciadas agora em maio.
Impactos sociais
Os impactos sociais das obras programadas para a realização da Copa em São Paulo foram o principal alvo das preocupações manifestadas pelos deputados participantes do seminário. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) destacou a necessidade de integrar a comunidade da zona leste nos debates e nos benefícios do evento. "A zona leste já é um centro econômico e pode se transformar em um pólo de desenvolvimento da cidade. Ficamos felizes em saber que as obras do estádio do Corinthians começarão agora em maio. Isso garante as condições para São Paulo ser a sede de abertura da Copa."
Participação comunitária
As da zona leste cobraram canais de participação nas decisões sobre a programação dos investimentos públicos e de obras destinados ao evento. Lídia Paniagua, do jornal Notícias de Itaquera, disse que os moradores do bairro vivem com a expectativa da construção de um estádio na região desde 1983 e que eles têm propostas objetivas para o projeto. "O estádio tem de ser um elemento agregador da comunidade. Queremos ações sociais e participação comunitária." Ela também cobrou do ministro Orlando Silva um centro olímpico na cidade de São Paulo.
Os impactos da Copa acontecerão em toda a cidade, na avaliação de Benedito Barbosa, da Central dos Movimentos Populares. Ele lembrou que as obras de remodelação da marginal Tietê já ocasionaram o despejo de 18 favelas e que a construção de um novo terminal no aeroporto de Guarulhos vai remover mais alguns milhares de moradores. "Onde estão os projetos para as famílias que serão removidas? Onde estão o dinheiro e as casas para reassentá-las? O que vai acontecer com a população de rua e com o comércio ambulante? Queremos o diálogo permanente com a prefeitura e com os governos estadual e federal."
A mesma cobrança foi feita pelo padre Rosalvino, outra liderança local. "Precisamos diálogo franco, aberto e irrestrito entre todos os agentes. O estádio não será somente do Corinthians, mas de toda a comunidade."
As preocupações de moradores e comerciantes da região foram recebidas pela Comissão de Representação da Assembleia paulista para acompanhar as ações governamentais para a instalação do estádio-sede da abertura da Copa.
Representando a esfera estadual, a secretária executiva do Comitê Paulista da Copa, Raquel Verdenacci, falou sobre as estratégias para transformar a Copa de 2014 em um evento de consolidação do Estado como sede de eventos internacionais. Ela apontou para a necessidade de qualificação da prestação de serviços ao turista e de garantir que as obras e projetos se tornem um legado à população. Os destaques da secretária foram os planos viários e de segurança.